Classificação dos alimentos na nutrição animal A dieta de um animal se refere ao conjunto de alimentos e nutrientes que ele consome diariamente, em nutrição animal, é formulada para atender às necessidades específicas de cada espécie e categoria animal. A ração é uma mistura de ingredientes que compõe a dieta dos animais, é formulada para fornecer um balanço adequado de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais.
Ingredientes são as matérias-primas utilizadas na formulação das rações. Podem ser de origem vegetal (como milho, soja, cevada), animal (farinha de peixe, carne e ossos), mineral (fosfato bicálcico, calcário) ou aditivos (enzimas, probióticos). Os ingredientes podem ser alimentos volumosos, concentrados, suplementos e aditivos.

A classificação dos alimentos em nutrição animal auxilia na garantia de uma dieta balanceada e adequada às necessidades dos animais, e as análises bromatológicas permitem a avaliação dos nutrientes presentes nos alimentos.
Métodos de análise bromatológica em nutrição animal O método de Weende é um dos métodos mais tradicionais e amplamente utilizados. Desenvolvido no século XIX na estação experimental de Weende, na Alemanha, este método fraciona o alimento em grupos com substâncias com propriedades em comum. Nesse método são determinados: matéria seca (MS), cinzas (matéria mineral), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB) e extrato não nitrogenado (ENN).
Embora o método Weende seja uma ferramenta essencial e amplamente utilizada na análise bromatológica, é importante reconhecer suas limitações, especialmente na análise detalhada das frações fibrosas. Métodos complementares, como a análise de fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácido (FDA), desenvolvidos por Van Soest, são frequentemente usados em conjunto para fornecer uma visão mais completa da qualidade nutricional dos alimentos.
Coleta e preparo das amostras O primeiro passo para a análise bromatológica é a coleta, deve-se coletar amostras parciais em diferentes pontos e depois realizar a homogeneização antes de enviar a amostra representativa média ao laboratório. Se as análises não forem realizadas imediatamente ou em menos de 24h, devem ser armazenadas congeladas ou refrigeradas. Pode-se usar a mini incubadora para BOD ou a incubadora.
Algumas amostras exigem trituração prévia ou moagem. Quando há elevado teor de matéria seca (> 80%), as amostras quase sempre deverão passar por moagem.
No caso de forrageiras verdes, folhas secas, amostras com raízes, tubérculos e etc., deve-se cortar a amostras em tamanhos menores, nesses casos pode ser usado o moinho super macro, macro moinho tipo croton ou micro moinho tipo Willye. Para trituração de grãos usa-se moinho de rotor, o moinho multiuso é indicado para amostras de grãos e alimentos em geral, principalmente se são sensíveis ao calor pois esse moinho possui uma câmara refrigerada. Para moagens rápidas de farelos, rações e grãos pode ser usado o moinho Tecmill. Veja mais sobre os tipos de moinho oferecidos pela Tecnal e suas aplicações no artigo “ 11 tipos de moinhos e suas principais aplicações” e no e-book "Moinhos".
Em amostras líquidas ou com alto teor de umidade, a homogeneização pode ser realizada com agitador mecânico digital para amostra de viscosidade maior e agitador mecânico para amostras com menor viscosidade.
A seguir, os principais métodos de análise bromatológica utilizados em nutrição animal.
Determinação de matéria seca A determinação da matéria seca (MS) é o ponto de partida para todas as análises bromatológicas. Ela mede a quantidade de água presente no alimento, essencial para evitar a diluição dos nutrientes.
Amostras de produtos ou subprodutos de origem animal ou vegetal, que possuem alto teor de umidade (> 15%) ou baixa matéria seca, tais como gramíneas, silagens, entre outros, geralmente necessitam de pré-secagem. Esse método promove a evaporação parcial da umidade devido ao aquecimento da amostra em temperatura inferior à 60°C, evitando alteração dos nutrientes.
Procedimento: Pese a amostra em balança semianalítica e registre a massa. Leve o recipiente com a amostra para estufa com circulação e renovação de ar a 55°C (+- 5°C) de temperatura, deixe por 48 a 72h, ou até que o material apresente consistência quebradiça ou peso constante. Retire a amostra, armazene em local protegido de poeira e umidade e após atingir temperatura ambiente registre a massa da amostra.

O método mais comum para análise de umidade é a secagem em estufa com circulação de ar, onde a amostra é aquecida a uma temperatura controlada até atingir peso constante, a diferença de peso antes e depois da secagem corresponde ao teor de umidade. Esse método é usado em amostras parcialmente secas (MS de 85%), forragens com baixo conteúdo de ácidos voláteis, grãos de cereais e oleaginosas. Antes da umidade ser determinada a amostra não deve passar por aquecimento, por isso é recomendado o uso de moinho com cuba refrigerada.
Procedimento: Pese a amostra em balança analítica e registre a massa. Leve a amostra para estufa com circulação e renovação de ar a temperatura e tempo mínimo indicado na tabela abaixo. Após a secagem, leve o recipiente com a amostra para um dessecador a vácuo (juntamente com bomba de vácuo) até que atinja a temperatura ambiente. Registre a massa da amostra após esfriamento.


Determinação de proteína A análise de proteína bruta mede a quantidade total de nitrogênio presente na amostra, que é então convertido em proteína através de um fator de conversão. O método de Kjeldahl é amplamente utilizado para esta análise, envolvendo a digestão da amostra em ácido, seguida de destilação e titulação para determinar o conteúdo de nitrogênio.
Procedimento: Pese a amostra homogeneizada em balança analítica e registre a massa. Misture a proporção necessária de ácido sulfúrico concentrado e adicione mistura catalisadora (normalmente sulfato de cobre, sulfato de sódio e selenito de sódio). Se a amostra for muito gordurosa, adicione antiespumante. Coloque a mistura em bloco digestor (micro ou macro, de acordo com a quantidade de nitrogênio na amostra) e inicie o aquecimento de acordo com as sugestões da tabela abaixo. Use o bloco em capela de exaustão e use sistema de neutralização de gases.

A digestão finaliza quando a solução escura passa a ser translucida ou verde clara, após isso deixe resfriar em temperatura ambiente e leve ao destilador de nitrogênio. Antes, coloque Erlenmeyer com ácido sulfúrico e vermelho de metila na saída do condensador. Coloque o tubo com a amostra digerida no destilador, adicione hidróxido de sódio, inicie a destilação e colete o destilado. Para reduzir o consumo de água e resfriar o condensador do destilador de nitrogênio use banho termostatizado. Para a titulação, use uma bureta digital com ácido clorídrico e um indicador e titule até que atinja o ponto de viragem do destilado.

Veja mais sobre os procedimentos e equipamentos usados na determinação de nitrogênio no e-book “ Equipamentos para determinação de nitrogênio”.
Extrato etéreo (EE) A análise de extrato etéreo determina o teor de lipídios no alimento, também chamado de gordura bruta. Os lipídios são fontes concentradas de energia e também fornecem ácidos graxos essenciais. A determinação de gordura pode ser realizada por diferentes métodos, sendo os métodos Soxhlet ou Goldfish mais comuns.
Procedimento: Após secagem, dessecação e pesagem, a amostra é transferida para cartucho extrator ou papel filtro e colocada no equipamento extrator: Sistema para determinação de gordura ou bateria de extração tipo Sebelin/Soxhlet.
• Para o método de Goldfish adicione a quantidade de solvente que cubra o cartucho. • No método Soxhlet a amostra fica submersa no solvente já frio, que condensou após entrar em contato com o condensador frio.
Abra a água de alimentação para refrigeração dos condensadores e inicie a extração. Recomenda-se o uso de banho termostatizado, nos dois tipos de equipamento, para refrigeração dos condensadores e economia no consumo de água. No extrator tipo Soxhlet, o período mínimo de extração é de 6 horas com o solvente em ebulição e velocidade de condensação de 5 a 6 gotas por segundo. No extrator tipo Goldfish a extração é mais rápida, cerca de 1 hora e meia com o cartucho submerso e o solvente em ebulição, depois com o cartucho suspenso deixe em refluxo com o solvente por mais 1 hora.

No e-book “ Métodos e equipamentos para determinação de lipídios/gordura” você obtém mais detalhes dessa análise e as diferenças entre os métodos Soxhlet e Goldfish.
Fibra bruta (FB) A fibra bruta mede os componentes fibrosos do alimento, como celulose, hemicelulose e lignina, que são importantes para a saúde digestiva dos animais, especialmente ruminantes. No entanto, a fibra bruta não fornece uma medida completa das frações fibrosas, o que levou ao desenvolvimento de métodos adicionais, como o de Van Soest, para uma análise mais detalhada com fibra detergente neutro e fibra detergente ácido.
Procedimento: Após secar, moer e pesar os saquinhos filtrantes com amostras deve-se hidratar as amostras com água destilada. Coloque as amostras no suporte do determinador de fibras e adicione solução ácida (para FB) e agite por alguns segundos. Ligue o equipamento e deixe a 90ºC por 30 minutos. Depois de finalizada a extração realize a lavagem, secagem em estufa e mufla.

Cinzas A análise de cinzas mede a quantidade total de minerais presentes na amostra, que são essenciais para várias funções fisiológicas, incluindo a formação de ossos, a contração muscular e o equilíbrio osmótico. A amostra é incinerada em uma mufla a altas temperaturas (550°C a 600°C) até que todo o material orgânico seja queimado, deixando apenas os minerais inorgânicos. O peso do resíduo de cinzas é usado para calcular o conteúdo mineral.
Procedimento: A amostra é pesada e depois colocada em mufla a 500ºC - 600°C até as cinzas ficarem brancas ou acinzentadas. Depois a amostra é resfriada em dessecador e pesada novamente.

Extrato não nitrogenado O extrato não nitrogenado (ENN) é calculado pela soma das determinações: matéria seca a 65°C, extrato etéreo, proteína bruta, fibra bruta e matéria mineral. O resultado é subtraído de 100. É uma medida indireta dos açúcares e amidos, que são importantes fontes de energia.

Considerações Finais As análises bromatológicas são uma ferramenta indispensável na nutrição animal. Elas garantem que os alimentos fornecidos atendam aos requisitos nutricionais dos animais, promovendo sua saúde, bem-estar e produtividade. Ao fornecer uma base científica para a formulação de dietas, as análises bromatológicas contribuem para a sustentabilidade e a eficiência da produção animal, beneficiando tanto os produtores quanto os consumidores finais. |
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