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Como montar um laboratório de águas e efluentes
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Laboratórios de análises de águas e efluentes são essenciais
para garantir que os recursos hídricos, tanto naturais quanto utilizados em
processos industriais, atendam aos padrões de qualidade estabelecidos por
regulamentações ambientais e de saúde pública.
O monitoramento contínuo da qualidade da água é fundamental
para identificar a presença de poluentes e contaminantes que possam comprometer
ecossistemas, processos industriais e a saúde humana. A degradação da água pode
afetar não apenas a vida aquática, mas também o solo e a biodiversidade ao redor.
Por isso, laboratórios de águas e efluentes são peças-chave para detectar,
prevenir e mitigar impactos ambientais.
Além disso, no setor industrial, o controle de qualidade da
água e o tratamento adequado dos efluentes são obrigatórios para atender às
normas ambientais e evitar sanções legais. Indústrias que consomem grandes
volumes de água em seus processos, como a indústria de alimentos, química e
petroquímica, precisam garantir que a água utilizada seja de qualidade
adequada, além de assegurar que os efluentes tratados estejam em conformidade
com os limites estabelecidos para descarte ou reúso.
A presença de um laboratório especializado garante que as
análises sejam feitas com precisão, assegurando o cumprimento das normas
regulatórias e promovendo uma operação sustentável e eficiente.
Planejamento e estruturação do laboratório de águas e efluentes
Escolher o local adequado é um dos primeiros passos para a
estruturação de um laboratório de águas e efluentes, e isso envolve a análise
de fatores como acessibilidade e facilidade logística para minimizar custos. O
espaço escolhido deve ser amplo o suficiente para acomodar os equipamentos
necessários, o armazenamento de reagentes e amostras, além de proporcionar um
ambiente de trabalho confortável e seguro para os analistas.
O design do laboratório deve priorizar a eficiência no fluxo
de trabalho, permitindo que as diferentes etapas das análises ocorram de forma
sequencial e sem obstáculos. Um layout bem planejado reduz o tempo de operação
e minimiza a possibilidade de contaminação cruzada entre as amostras. Além
disso, é fundamental garantir que áreas específicas, como salas de preparação
de amostras e áreas de equipamentos, estejam bem definidas.
Outro aspecto importante é a consideração de variáveis como
a temperatura, que é necessária para garantir a estabilidade dos reagentes e a
precisão das análises, especialmente em processos sensíveis. Em laboratórios de
águas e efluentes, onde muitos equipamentos geram calor, garantir uma
climatização eficiente é essencial para preservar a qualidade das análises e a funcionalidade
dos equipamentos.
Análises realizadas no laboratório de águas e efluentes
O laboratório de águas e efluentes realiza diversas análises,
que são divididas em análises físico-químicas, análises microbiológicas e
análises hidrobiologicas. Entre as análises mais comuns estão:
Tabela 01. Parâmetros físicos, químicos e biológicos analisados em amostras de água e efluentes.
Análises in loco
Certas análises de água e efluentes precisam ser realizadas
no próprio local da amostragem (in loco), como:
- Potencial hidrogeniônico (pH): parâmetro importante para avaliar a acidez ou alcalinidade da água. Ele influencia a solubilidade de minerais e metais, afetando o comportamento químico dos contaminantes. Para a medição, utilizam-se medidores de pH portáteis com eletrodos específicos.
- Potencial redox (ORP): Mede o equilíbrio entre as reações de
oxidação e redução em meio aquoso, fornecendo informações sobre as condições
químicas da água. A medição é feita com um eletrodo específico, utilizando um
medidor de pH ajustado para mV.
- Temperatura: Pode ser medida com os mesmos equipamentos
utilizados para análises de pH, condutividade e oxigênio dissolvido.
- Turbidez: Refere-se à redução da transparência de uma
amostra aquosa causada pela presença de partículas em suspensão. Sua
determinação é feita com um turbidímetro digital e portátil, como o Turbidímetro
R-TE-2000.
- Condutividade elétrica: Avalia a capacidade de meios aquosos de conduzir eletricidade, o que está relacionado à concentração de íons dissolvidos. O Condutivímetro Microprocessado Portátil R-TEC-4P-MP é utilizado para essa análise.
- Oxigênio Dissolvido (OD): Refere-se à concentração de oxigênio disponível na água. Para essas medições, utilizam-se oxímetros específicos.
- Cloro residual livre: Como o cloro residual livre degrada
rapidamente, sua medição deve ser feita no campo. Um Clorímetro YSI-WQS 900 é o equipamento indicado para esse tipo de
análise.
- Várias análises in loco, como as descritas anteriormente e
muitas outras, podem ser realizadas através de um Analisador Multiparâmetro
YSI-PRO QUATRO, como: oxigênio dissolvido, turbidez,
pH, potencial redox, condutividade, sólidos totais dissolvidos, sólidos
suspensos, amônio/amônia, cloreto, nitrato, densidade, resistividade,
profundidade, temperatura, entre outros.
- Para análises de alguns parâmetros a campo, através de kits
colorimétricos, usa-se o Fotômetro Multiparâmetro YSI-Fotometro 9500: alcalinidade, alumínio,
amônia, bromo, dureza, cálcio, magnésio, cloreto, cromo, manganês, turbidez,
oxigênio dissolvido, flúor, metais, ferro, cobre, níquel, zinco, nitrato,
nitrito, molibdênio, fenol, sulfato, sulfeto e potássio.
Análises laboratoriais
- Para determinar parâmetros químicos, como cloretos, dureza
total, DQO, DBO e alcalinidade é usada a técnica de titulometria. Essas análises podem ser realizadas com Bureta
digital portátil ou tituladores automáticos.
Equipamentos de bancada também são utilizados, como medidor de pH, turbidímetro e condutivimetro.
- Antes da determinação de alguns compostos, usa-se a centrifugação
e concentração de amostras: As centrífugas são usadas para separar sobrenadantes, enquanto concentradores de amostras são usados para concentrar o volume da amostra antes da quantificação.
- Espectrofotometria: Espectrofotômetros de absorção atômica, de emissão óptica por plasma, fotômetro
de chama e espectrofotômetro UV-VIS são usados para a
determinação de diversos elementos em água e efluentes.
- Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) quantifica o oxigênio
molecular necessário para oxidação da matéria orgânica, por decomposição microbiana
aeróbia, para uma forma inorgânica estável. Para essa análise, são utilizados incubadora TE-371/240 ou mini incubadora para BOD TE-381/2 e oxímetro YSI-PRO 20i-4 ou
analisador multiparâmetro de bancada.
- Demanda química de oxigênio (DQO) determina a quantidade de
oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica de uma amostra. Equipamentos
como digestores TE-128/6 ou blocos Dry Block TE-021, juntamente com espectrofotômetros
digitais (ESPEC-UV-5100), são utilizados. Também
pode ser usado o analisador YSI-WQS 910 DQO.
- Nitrogênio total: É determinado pelo método Kjeldahl, que
requer bloco digestor, destilador de nitrogênio e neutralizador de gases.
- A determinação de óleos e graxas pode ser feita através do
método de Soxhlet, com bateria de extração tipo Sebelin/Soxhlet (TE-1881/6) ou pelo método
Goldfish, com o sistema para determinação de gordura (TE-045/8 ou TE-045/5).
- Fenóis e seus derivados: Para determinar a presença de
fenóis em águas e efluentes, utiliza-se o destilador de fenol (TE-1256/1) e espectrofotômetro UV- 5100.
- A geração de efluentes pelas indústrias é a principal fonte
de liberação dos cianetos complexos no meio ambiente. Para essa análise, pode
ser utilizado o sistema de destilação de cianeto (TE-126).
- Nas análises microbiológicas, como de coliformes totais e
termotolerantes, podem ser usados os seguintes equipamentos: sistema de
filtração, estufa bacteriológica, contador de colônias digital (CP-600/1) ou contador de colônias
automático, bancada de fluxo laminar horizontal e autoclave.
- Para ensaios de floculação, utiliza-se o Jar Test para determinar a dosagem de coagulantes químicos no tratamento de água e efluentes.
- Análises de resíduos: Equipamentos como agitador rotativo
para não voláteis (TE-743), extratores para voláteis
(TE-745) e agitadores para extratores (TE-744/2) são usados para análises de
resíduos.
Insumos e reagentes necessários
O funcionamento de um laboratório de águas e efluentes
também depende da disponibilidade de reagentes e insumos que possibilitam a
realização das análises. Reagentes padrão, ácidos e bases, são utilizados em
diversas análises. Esses reagentes garantem a padronização dos métodos
analíticos e a precisão nos resultados.
O armazenamento seguro de produtos químicos é outro ponto importante.
O laboratório deve dispor de armários de segurança apropriados para o
armazenamento de ácidos, bases e outros produtos tóxicos ou inflamáveis. Além
disso, os técnicos devem usar equipamentos de proteção individual (EPIs)
durante o manuseio de substâncias perigosas.
Consumíveis, como papéis de filtro, vidrarias, tubos de
ensaio e frascos de amostragem, também fazem parte do dia a dia do laboratório.
Treinamento do pessoal
A qualificação dos profissionais que trabalham em um
laboratório de águas e efluentes irá garantir a qualidade das análises. Técnicos
e analistas devem ter formação adequada e é fundamental que tenham conhecimento
em:
- Manuseio de equipamentos: Capacitação para operar os principais equipamentos de análise de água e efluentes.
- Manuseio de reagentes: Treinamento sobre o uso seguro de produtos químicos, incluindo medidas de segurança e procedimentos de emergência.
- Interpretação de resultados: Devem estar aptos a interpretar os dados obtidos nas análises.
Considerações finais
Para montar um laboratório de águas e efluentes é necessário
realizar um planejamento adequado, com foco na estruturação eficiente do
espaço, aquisição de equipamentos que garantam que as análises realizadas sejam
precisas e confiáveis. Além disso, o treinamento contínuo da equipe e a gestão
eficaz de amostras e resíduos são essenciais para o bom funcionamento do
laboratório.
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Referências bibliográficas
FRANCO, L.; BILOTTA, P. Implantação de um Laboratório de Análise da Qualidade da Água e Efluentes de uma Indústria Farmacêutica. Revista Gestão Industrial, v. 10, n. 2, 2014.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Diretrizes para projetos de
laboratórios de análises de água para consumo humano e análises de efluentes.
Funasa. 58 p. Brasília, 2012.