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Soja: O Que São Os Grupos De Maturidade Relativa?
camaraclimatica,tecnal
Você sabe o que são Grupos de Maturidade Relativa? Essa classificação é essencial para o planejamento e desenvolvimento das lavouras de soja.
A agricultura na América
Latina e Caribe é uma das atividades econômicas mais importantes e
representativas, tendo um grande impacto no PIB dos países dessa região. Além
da produção agrícola, essa região é a maior exportadora liquida de alimentos e
tem potencial para crescimento.
Te convido a conhecer, neste
texto, um pouco mais sobre umas das principais culturas agrícolas mundiais e como
o fotoperíodo, aliado à escolha da cultivar, é fundamental para seu
desenvolvimento.
Soja:
Importância econômica e origem
Dentre as commodities
agrícolas, a soja é umas das mais importantes e comercializadas, devido
ao alto valor nutricional e as diversas utilizações, como na alimentação
animal e humana, extração de óleo, indústria e produção de biodiesel. Sendo
os maiores produtores mundiais, respectivamente, Brasil, Estados Unidos,
Argentina, China e Paraguai.
O centro de origem das plantas
de soja, que tem nome cientifico Glycine max, é o continente asiático,
mais especificamente a região nordeste da China, onde é cultivada a milênios e
possui grande diversidade genética. Desde então, foi disseminada por todo o
mundo e introduzida no Brasil no Rio Grande do Sul, devido a condições
climáticas semelhantes a encontrada no centro de origem.
O
clima afeta o desenvolvimento da soja?
As condições climáticas
(temperatura, disponibilidade hídrica, radiação solar, fotoperíodo, umidade)
exercem grande influência nas produções agrícolas, não seria diferente com a
soja. O clima deve ser monitorado e levado em consideração no momento do
planejamento das lavouras de soja, pois apesar de ser uma cultura
adaptada para diversas regiões, o clima interfere no rendimento de produção.
A interação de dois
fatores climáticos tem forte efeito na duração do ciclo das cultivares
de soja, são eles: temperatura do ar e fotoperíodo. Abaixo,
iremos abordar com mais detalhes esses aspectos ambientais.
Se as
condições climáticas interferem no desenvolvimento da soja, qual a temperatura
ideal para o seu crescimento?
Essa cultura se adapta
a diversos locais, com altitudes e latitudes diferentes, suportando variação de
temperatura grande. Porém, as condições ótimas de temperatura do ar
indicadas para a soja são entre 20°C a 30°C, sendo a temperatura ideal cerca de
30°C.
Na fase vegetativa,
temperaturas baixas podem retardar a emergência e emissão de folhas, assim
atrasando o ciclo da soja. Já na fase reprodutiva, as temperaturas mais
amenas são bem-vindas, pois favorecem a emissão de flores e vagens.
Figura
1.
Ilustração representativa das fases fenológicas da soja. Fonte: Agrogalaxy.
Fase vegetativa e fase
reprodutiva são os termos usados para definir as fases fenológicas da soja:
ü Fase
vegetativa representa o período em que as plantas estão crescendo, produzindo
folhas e acumulando reservas, e se estende até antes do florescimento. Esse
período é caracterizado pela letra V;
ü Fase
reprodutiva representa o período de florescimento, formação e enchimentos de
grãos, finaliza com a maturação dos grãos. Período caracterizado com a
letra R.
Fotoperíodo
da soja
O fotoperíodo, que
indica o período de luminosidade, influencia no desenvolvimento das
plantas, e tem um grande papel no processo de fotossíntese. No caso das plantas
de soja, a disponibilidade de luz também afeta o momento do florescimento.
Diferentes cultivares
de soja necessitam horas de fotoperíodo diferentes para definir a
duração do ciclo de desenvolvimento. Cultivares usadas no Brasil, geralmente,
apresentam fotoperíodo critico entre 13 a 14 horas. A soja é considerada planta
de dias curtos, ou seja, o florescimento da planta vai acontecer de maneira
mais rápida se os dias forem mais curtos.
As cultivares de soja
vão diferir em relação a sensibilidade ao fotoperíodo, ou seja, cada cultivar
terá o seu fotoperíodo crítico, o que terá influência no momento que ocorrerá o
florescimento. Para avaliar essas variações de cada cultivar em relação ao
fotoperíodo, é usado a ferramenta Grupos de Maturidade Relativa (GMR).
O que
são Grupos de Maturidade Relativa?
Baseado na latitude e
fotoperíodo, foram determinados parâmetros, onde mostra se determinada cultivar
de soja vai ter o ciclo mais rápido ou curto, esse parâmetro está fortemente
ligado a genética das cultivares.
O Grupo de Maturidade
Relativa (GMR) se baseia no florescimento das plantas de soja e na sua
maturação, ou seja, quantos dias as plantas levam para chegar à maturidade, e é
dividido em 13 grupos, indicados pelos números 000, 00, 0, 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10. Quanto maiores os números de GMR, mais longos são os ciclos
da cultura, quanto menores os números de GMR, os ciclos serão mais rápidos.
Em regiões de dias mais
curtos, o ciclo da soja pode ser mais rápido, resultando em plantas menores, o
que irão produzir menos vagens, assim alterando a produtividade. Nesses casos,
o recomendado são cultivares com GMR maiores, pois tem desenvolvimento mais
longo e crescimento indeterminado, assim aumentando o ciclo da planta e
possibilitando maior crescimento.
Figura 2. Ilustração representativa da divisão dos Grupos de Maturidade Relativa (GMR). Fonte: Allprandini et al., (2009).
Esse parâmetro é fundamental
para que o produtor tenha informações suficientes para programar sua plantação,
otimizar o plantio, manejo, compra de insumos e colheita, além de conseguir
aumentar a produtividade da sua lavoura.
Para determinação de
características de novas cultivares é necessário que muitos estudos
sejam feitos. É essencial testar as cultivares em diferentes condições
climáticas, o que geralmente é feito em campo ou casa de vegetação e torna os
estudos vulneráveis a diversas variações externas.
Uma excelente
alternativa é o uso de ambientes controlados, que permitem ajustar
diversos fatores ambientais, simulando diferentes condições climáticas, permitindo
ampliação de estudos e economia de tempo e recursos. Além de permitir a
repetição e padronização dos experimentos, o que proporciona mais
confiabilidade nos resultados dos estudos. Câmaras e salas climáticas para
crescimento de plantas são exemplos de ambientes controlados que costumam ser
usados para pesquisas, garantindo homogeneidade nos experimentos.
A Tecnal possui câmaras climáticas para crescimento de plantas, a TE-4002/3 e a TE-4002/4, que são ótimos equipamentos para realização de experimentos e pesquisas, pois possibilitam o controle de temperatura do ar, umidade relativa do ar, iluminação e possibilita a adição de CO2, assim simulando diferentes condições ambientais.
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Características das câmaras climáticas e salas climáticas da Tecnal.
Considerações
finais
A soja é uma cultura de
grande interesse econômico e importante para a segurança alimentar. Tem grande
capacidade de adaptação a diferentes localidades e condições ambientais, sendo
cultivada em diversos países.
Os grupos de maturidade
relativa (GMR) são uma excelente ferramenta que auxilia na melhor escolha de
cultivar de acordo com a região, ajudando no planejamento dos produtores e
ocasionando aumento da produtividade.
Portanto, os estudos de
melhoramento genético das cultivares de soja são fundamentais para a adaptação
e crescimento da produtividade dessa cultura.
REFERÊNCIAS
CRUZ, J. M. P. Iluminação LED em câmaras de crescimento de plantas. Influência na eficiência energética e desenvolvimento das plantas. 2021. Dissertação de Mestrado. Universidade de Évora.
SENTELHAS, P. C., BATTISTI, R., SAKO, H., ZENI, R., RODRIGUES, L. A. Clima e produtividade da soja: variabilidade climática como fator controlador da produtividade. Boletim de Pesquisa de Soja, v. 1, p. 25-41, 2017.
TRENTIN, R., HELDWEIN, A. B., STRECK, N. A., TRENTIN, G., & SILVA, J. C. da. Subperíodos fenológicos e ciclo da soja conforme grupos de maturidade e datas de semeadura. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 48(7), 703–713, 2013.
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ZANON, A. J., SILVA, M. D., TAGLIAPIETRA, E. L., CERA, J. C., BEXAIRA, K. P., RICHTER, G. L., ... & STRECK, N. A. Ecofisiologia da Soja Visando Altas Produtividades. Santa Maria: Palloti, 2018.