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Determinação da estabilidade dos agregados do solo

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O arranjo estabelecido pela ligação das partículas primárias do solo (areia, silte e argila) entre si e com outros componentes minerais e orgânicos do solo em complexa interação com agentes físicos, químicos e biológicos, dando origem aos agregados.


O solo é composto de um conjunto de agregados de diferentes tamanhos e estabilidade, sendo que a junção dos agregados do solo, organizados numa forma geométrica definida, constitui a estrutura do solo, uma das características físicas do solo mais importantes em relação ao seu uso e manejo.






Na prática, os agregados são responsáveis por manterem o solo estruturado, consistente e com porosidade (volume de espaços vazios) para a passagem de nutrientes, ar e água. Se estrutura do solo não estiver preservada, o solo se apresenta compactado, prejudicando a formação do sistema radicular das plantas, tornando o susceptível a erosão, etc.


Estabilidade dos agregados


A estabilidade dos agregados refere-se à resistência que o conjunto de partículas do solo apresenta em relação a ação das forças desagregadoras sobre eles. Ela tem influência sobre a estrutura do solo e, consequentemente, na infiltração de água, aeração do solo, atividade biológica, sequestro ou emissão de C e na erosão do solo.


A estabilidade dos agregados também desempenha um importante papel na definição da erodibilidade dos solos, ou seja, sua maior ou menor suscetibilidade à erosão.  Agregados de baixa estabilidade podem se desfazer ao mínimo impacto, como o ocasionado pelas gotas de chuva, por exemplo.  A destruição dos agregados leva à redução da porosidade, dificultando a infiltração e aumentando o escoamento superficial da água, proporcionando maior perda de solo.


O tipo de manejo e práticas agrícolas podem influenciar de maneira positiva e negativa a estabilidade dos agregados, tornando a um indicador de qualidade do solo. Práticas de manejo que visam o aumento e preservação da matéria orgânica, promovem um aumento da estabilidade dos agregados, devidos sua ação sobre os fatores químicos, físicos e biológicos envolvidos.


Além de ser útil para determinar a erodibilidade dos solos, o conhecimento da estabilidade dos agregados é importante para orientar a adoção de práticas de manejo que visem a maior conservação do solo, do ponto de vista ambiental e agronômico, assim como avaliar a qualidade do solo.


Método de determinação: Peneiramento em água


O peneiramento em água ou a seco são os métodos mais comuns de determinação da estabilidade dos agregados do solo, entretanto, o peneiramento em água é o método mais comum de testar a estabilidade dos macroagregados (> 0,25 mm). Considerando processos naturais que ocorrem no campo, o método em água simula o efeito de umedecimento e carreamento dos agregados durante uma chuva.


O “aparelho” chamado de Yoder, foi criado pelo pesquisador de mesmo nome, em 1936, e consiste em um conjunto de peneiras submetidas a oscilação vertical na água. O método foi sendo aperfeiçoado com o tempo, resultando em equipamentos modernos e de fácil utilização, como a Mesa para peneiramento por via úmida, modelo TE-3300, que é composto por três reservatórios cilíndricos em aço inox, onde cada um deles comportam internamente um conjunto de cinco peneiras.




Após o tempo de oscilação das peneiras, os agregados do solo vão se quebrando e passando para as peneiras com diâmetros menores O objetivo do teste é medir a quantidade e distribuição do tamanho dos agregados que são estáveis em água, relacionando-os com os que não se desintegram. Quanto maior for a estabilidade desses agregados, maior a quantidade de agregados retida nas peneiras, com diâmetro maior. Quanto menor for a estabilidade desses agregados, eles de quebraram facilmente e ficaram retidos nas peneiras com diâmetro menor.


As metodologias para determinação da estabilidade de agregados (também chamada de porcentagem de agregados) são extremamente variáveis em relação ao tamanho, a forma de obtenção dos agregados para iniciar o protocolo, à massa e condição de umidade da amostra, o número e tempo de oscilações e etc. É comum encontrar trabalhos publicados que mesmo baseados nas metodologias originais, contemplam algumas alterações. Entretanto, de maneira simplificada, sua execução envolve as seguintes etapas:


  • Coleta de amostras de solo indeformada, preservando ao máximo a sua estrutura original.


  • Se necessário pode ser exercida leve força com as mãos para destorroar o bloco e em seguida separar amostras de 25g a 50g. 


  • Colocar a amostra em papel filtro e satura-la lentamente. Outra opção é pulverizar com o borrifador, contendo água destilada, não utilizando mais do que sete borrifadas por amostra, e aguardar o completo umedecimento, por 2 horas (Cesário et al., 2010). Posteriormente, colocar a amostra sobre a primeira peneira (2 mm).


  • Acrescentar água dentro de cada reservatório cilíndrico da Mesa para peneiramento por via úmida, modelo TE-3300, de modo que o nível da água apenas toque na primeira peneira (2 mm), quando as hastes do equipamento estiverem em sua posição inferior máxima.


  • Inserir o jogo de peneiras no reservatório cilíndrico e realizar o peneiramento durante 15 min a 25 oscilações por minuto.


  • Após o peneiramento, o material retido em cada peneira é colocado em Estufa de secagem com circulação de ar, modelo TE-394/500L, a 40°C durante 48 horas ou a 105°C por 24 horas. A temperatura de secagem leva em conta se a amostra será posteriormente submetida a outras análises.


  • Em seguida, a amostra é pesada em balança analítica, quantificando os agregados retidos em cada peneira e a os contidos no fundo do conjunto de peneiras, para obtenção do índice de estabilidade de agregados ou porcentagem de agregados.


Não existe um número padronizado para interpretação dos resultados do teste de estabilidade, visando classificar um solo quanto a sua condição física. O índice de estabilidade dos agregados representa uma medida da agregação total do solo, não considerando a distribuição por classes de agregados, entretanto, quanto maior a quantidade de agregados com diâmetro inferior a 0,25 mm, menor será o índice de estabilidade, caracterizando-o como um solo de baixa estabilidade. Solos com diâmetro médio acima de 0,25 mm podem ser considerados relativamente resistentes a desagregação e à dispersão.


Considerações finais


A estabilidade de agregados é um indicador dos processos envolvidos na degradação do solo, pois influencia a infiltração, retenção de água, aeração e resistência à penetração de raízes, erosão hídrica e eólica, sendo o parâmetro relacionado a erodibilidade do solo.


Determinar a estabilidade dos agregados do solo é a maneira mais próxima de avaliar numericamente a condição estrutural do solo, sendo frequentemente em pesquisas agrícolas e na área ambiental. O peneiramento em água, baseado na metodologia proposta por Yoder, simula as condições que ocorrem a campo e pode ser facilmente executado em equipamento como a Mesa para peneiramento por via úmida, modelo TE-3300, composto por conjuntos de peneiras inseridos em reservatórios cilíndricos, possibilitando a execução de 3 amostras simultâneas e temporizador digital, otimizando a rotina laboratorial.


Referências

CESÁRIO, F. V. et al. Estabilidade de agregados em água: análise crítica e padronização. Comunicado Técnico 57. 2010.  Embrapa Solos. Rio de Janeiro. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128680/1/ComTec-57-Estabilidade-Agregados.pdf

 

NZ Soils. Soil Structure: Peds and the Types of Structural Units. Disponível em: http://www.nzsoils.org.nz/Topic-Describing_Soils/Soil_Structure-Peds_and_the_Types_of_Structural_Units/

 

SALTON, J. C et al. Determinação da agregação do solo - Metodologia em uso na Embrapa Agropecuária Oeste. Comunicado Técnico 184. Embrapa Agropecuária Oeste. Dourados. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/952808/1/COT2012184.pdf

 

SILVA, T. H dos S. Indicadores físicos da qualidade de Latossolos da Chapada do Araripe no diagnóstico de impactos ambientais. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, Recife, 2018. Disponível em: https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/800/1/tcc_eso_talmohenriquedossantossilva.pdf